Design Universal

O Design Universal (DU) surgiu no final do milénio passado, nos Estados Unidos da América, na sequência de dois fenómenos. O primeiro, resultou de um processo histórico iniciado em meados do século 20, com a luta pelos direitos das pessoas com deficiência, impulsionada pelo aumento da população com deficiência em consequência das 2 Grandes Guerras e da Guerra do Vietname. Daí decorre uma série de reformas legislativas em torno da não-discriminação e dos direitos das pessoas com deficiência.

Apesar do movimento dos direitos das pessoas com deficiência não se ter circunscrito ao contexto americano, o fenómeno demográfico foi (e ainda é) mais abrangente. Com o aumento contínuo da esperança de vida da população, em virtude do avanço da medicina e da melhoria das condições de vida, vem-se assistindo ao crescimento da população em geral. Contudo, este fenómeno manifesta-se sobretudo pelo aumento da população idosa e da população com deficiências e incapacidades, que por sua vez impõem mudanças nas sociedades, seus sistemas e elementos que os compõem.

No âmbito do design, o DU afigura-se como uma dessas propostas de mudança que pretende atender a um público-alvo cada vez mais diverso.

 “O design universal pode ser definido como o design de produtos e ambientes a serem utilizados na maior medida possível por pessoas de todas as idades e capacidades.” (Story et al., 1998)

O DU não constitui uma busca pelo impossível. A expressão “na maior medida do possível” demonstra a consciência da pouca a probabilidade de um produto ou ambiente ser adequadamente utilizado por todos e em qualquer condição (Story et al., 1998) . A ideia de DU é orientar processos de design, para que busquem expandir o público-alvo para dimensões mais inclusivas, acolhendo uma diversidade cada vez maior de utilizadores e circunstâncias. Foi por isso definido um conjunto de 7 princípios de DU e respetivas orientações, que de seguida são apresentadas.

Princípio 1: uso equitativo

O design demonstra utilidade e interesse comercial para pessoas com diversas capacidades.

Orientações

  1. Proporcionar a mesma utilização a todos os utilizadores:
    – idêntica sempre que possível, ou;
    – equivalente quando necessário;
  2. Evitar segregar ou estigmatizar quaisquer utilizadores.
  3. Provisionar privacidade, proteção e segurança a todos os utilizadores.
  4. Tornar o design apelativo a todos os utilizadores.

Princípio 2: flexibilidade no uso

O design incorpora um vasto leque de preferências e capacidades individuais.

Orientações

  1. Permitir escolher a forma de utilização.
  2. Acomodar o acesso e o uso a pessoas destras e esquerdinas.
  3. Facilitar a exatidão e a precisão do utilizador.
  4. Possibilitar adaptação ao ritmo do utilizador.

Princípio 3: uso simples e intuitivo

A utilização é facilmente compreendida, independentemente da experiência, do conhecimento, das capacidades linguísticas ou do atual nível de concentração do utilizador.

Orientações

  1. Eliminar a complexidade desnecessária.
  2. Ser consistente com as expectativas e a intuição do utilizador.
  3. Admitir um amplo leque de capacidades linguísticas e níveis de instrução.
  4. Organizar a informação de forma coerente com a sua importância.
  5. Fornecer uma reação e um feedback eficazes durante e após a execução das tarefas.

Princípio 4: informação percetível

O design comunica eficazmente ao utilizador, a informação necessária, independentemente das suas capacidades ou das condições ambientais.

Orientações

  1. Usar diferentes modos (gráfico, verbal, táctil) para apresentar de forma redundante a informação essencial.
  2. Maximizar a «legibilidade» da informação essencial.
  3. Diferenciar os elementos segundo formas que possam ser descritas (por exemplo,, fazer com que seja fácil dar instruções ou orientações).
  4. Ser compatível com a diversidade de técnicas ou dispositivos utilizados por pessoas com limitações sensoriais.

Princípio 5: tolerância ao erro

O design minimiza os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais.

Orientações

  1. Posicionar os elementos de forma a minimizar riscos e erros: os elementos mais usados serão mais acessíveis, e os elementos perigosos serão eliminados, isolados ou protegidos.
  2. Fornecer avisos de riscos e erros.
  3. Fornecer características de segurança contra falhas.
  4. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância.

Princípio 6: baixo esforço físico

O design pode ser usado de forma eficiente e confortável e com o mínimo de fadiga.

Orientações

  1. Permitir ao utilizador manter uma posição corporal neutra.
  2. Ser razoável na força necessária para utilização.
  3. Minimizar as operações repetitivas.
  4. Minimizar o esforço físico continuado.

Princípio 7: tamanho e espaço para aproximação e uso

O design providencia tamanho e espaço apropriados para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do utilizador.

Orientações

  1. Providenciar um campo de visão desimpedido para elementos importantes para qualquer utilizador sentado ou de pé.
  2. Colocar todos os componentes no alcance confortável para qualquer utilizador sentado ou de pé.
  3. Admitir variações no tamanho da mão ou força de preensão.
  4. Permitir espaço adequado para o uso de ajudas técnicas ou de assistência pessoal.