(Com)viver e trabalhar com a doença oncológica

A experiência da Maria Rosa Jesus

Maria Rosa Jesus tem 55 anos, 2 filhos e vive em Espinho.

Gosta de fazer caminhadas, andar de bicicleta, dançar, de animais e do contacto com a natureza. Interessa-se pelas áreas da saúde e da música. Ao longo da vida, trabalhou em diferentes contextos profissionais (papelaria, escritório de advocacia, prestação de cuidados a doentes com Alzheimer).

Do diagnóstico à reabilitação profissional

– a experiência da Maria Rosa e a reabilitação no CRPG –

Em 2017, foi-lhe diagnosticado um tumor de pulmão, fez cirurgia de remoção e continua em vigilância até aos dias de hoje.

Em 2019, teve conhecimento do CRPG, através de uma colega que iria integrar um programa dirigido a pessoas com doença crónica ou sequelas de acidentes.

Conta-nos que desconhecia os serviços do CRPG, mas que a passagem pelo Centro veio a revelar-se muito enriquecedora a vários níveis, com o apoio de uma equipa multidisciplinar.

Este percurso ajudou-me a valorizar o meu “eu”, a ser melhor pessoa, a superar/aceitar os obstáculos que a vida me coloca no caminho.

A dizer “NÃO” àquilo que não está correto e que não me faz bem, a amenizar os pensamentos menos bons, pois eles influenciam o meu estado emocional, as minhas decisões, a minha visão do futuro. A ser grata pela vida e a aproveitar as coisas boas que a vida me dá.

O CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia tem soluções concebidas especificamente para pessoas que tiveram um doença e acidente, com impactos na sua funcionalidade, e que necessitam de apoio para retomar a vida ativa e profissional.

A avaliação dos impactos da doença oncológica na sua funcionalidade e dos seus interesses e necessidades permitiu a construção de um plano individual que norteia o processo de Maria Rosa no CRPG. Depois desta primeira etapa, Rosa integrou a ação de RAC-ACD – Recuperação e atualização de competências pessoais e sociais – acidentes e doenças (programa diário, composto por sessões de grupo e complementado por intervenções individualizadas). Deste processo, a cliente destaca alguns aspetos determinantes para a sua reabilitação e que a estão a ajudar agora na sua reintegração profissional:

Os profissionais focaram-se em temas muito importantes e em como arranjar estratégias para a minha vida pós RAC-ACD, como por exemplo: como encarar a doença, como reagir quando exposta a situações em que me sinto nervosa/ansiosa, como cuidar de mim mesma para numa fase menos boa da vida conseguir lidar melhor (…)

ter uma alimentação saudável, praticar exercício físico, ocupar e exercitar a mente, priorizar os assuntos/tarefas, criar rotinas, tirar um tempinho para cuidar de mim, arranjar estratégias para melhorar a minha vida.

Aprendi a viver um dia de cada vez, com mais calma, pensando sempre no dia de amanhã mas sem grande stresse.

Reintegração profissional

– os benefícios do regresso ao trabalho –

Atualmente encontra-se a realizar um Estágio de Inserção (medida de apoio ao emprego do IEFP, IP), num centro de estudos. Durante este estágio, que tem a duração 1 ano, continua a ser acompanhada pelo CRPG, no âmbito do serviço de acompanhamento pós reintegração. Através deste serviço, o CRPG presta apoio técnico à pessoa e à entidade empregadora, promovendo condições para o sucesso da experiência de estágio ou trabalho.

Para Maria Rosa, voltar ao mundo do trabalho tem sido determinante. As atividades que realiza, a interação com as pessoas – professores, alunos e familiares – e o apoio do Centro de Estudos fizeram com que se sentisse

mais útil, ajudaram a criar uma rotina, a adquirir novos conhecimentos e melhorar os que já possuía (adaptar a linguagem oral e escrita à área da educação, por exemplo),… mais valorizada pessoal e profissionalmente.

Projetos e sonhos

– preparar o futuro –

Quando falamos sobre projetos e sonhos, Maria Rosa reforça a importância do retorno ao trabalho, pelos impactos positivos que já sente hoje.

Espero continuar a ter qualidade de vida, ser autónoma a vários níveis, inclusive económico, e poder apoiar a minha família.

Gostava de ficar a trabalhar no centro de estudos, pois seria uma garantia profissional e um suporte económico. Ou se lá não for possível, gostava de ter uma oportunidade de trabalho, que não fosse exigente fisicamente, por causa das minhas limitações, mas onde pudesse pôr em prática as minhas competências e ser útil.