A ansiedade faz parte de nós. Mas quando afeta o nosso desempenho e qualidade de vida, deve merecer a nossa atenção. Neste texto, explicamos o que é a ansiedade generalizada, em traços gerais.
A ansiedade é uma resposta natural do ser humano perante as situações do dia a dia. É graças à ansiedade que é possível as pessoas fazerem tarefas banais, como se levantarem da cama e realizarem as atividades agendadas para o dia, ou tarefas mais complexas, como reagirem em situações com grande fonte de stresse ou perigo.
A ansiedade é necessária à sobrevivência de qualquer indivíduo, quando se apresenta como normal. No entanto, quando esta ansiedade:
- É persistente e tipicamente desproporcional face à situação com que se depara;
- Está presentes em diversas áreas da vida;
- É experienciada como muito difícil de controlar;
será necessário dedicar-lhe atenção e procurar apoio especializado, pois poderá tratar-se de Ansiedade Generalizada.
A Ansiedade Generalizada é assim designada por advir de diversas fontes, eventos, circunstâncias ou situações, que não se apresentam como específicas e que desencadeiam na pessoa uma série de reações tanto a nível físico (por exemplo: suores, tremores, dores de barriga, coração acelerado, músculos tensos…), quanto a nível dos pensamentos (por exemplo: “não consigo”, “não sou capaz”) e comportamentos (por exemplo: evitar as situações que fazem surgir estas reações).
A preocupação é a característica principal da Ansiedade Generalizada, sendo que muitas pessoas podem identificar-se com a ideia de “preocupação”, mas vários estudos têm identificado as seguintes características na preocupação de pessoas com Ansiedade Generalizada (1).
- É normalmente uma sucessão de pensamentos ou ideias.
- É acompanhada por sentimentos de medo ou ansiedade.
- Diz respeito a eventos futuros e catástrofe.
- Interfere com a capacidade de pensar claramente.
- É muito difícil de controlar.
Para além destas características, a preocupação foca-se, principalmente, em questões do dia a dia, mais tipicamente:
- Problemas que possam surgir no futuro.
- Perfecionismo e medo de falhar.
- Medo de ser negativamente avaliado por outros.
As pessoas com Ansiedade Generalizada apresentam ainda, com alguma frequência, um tipo específico de preocupação, relacionado com a incapacidade de a pessoa controlar a sua preocupação (1), com pensamentos como:
- “Não consigo controlar a minha preocupação.”
- “A preocupação é má para mim.”
- “A preocupação nunca vai acabar.”
Quando surgem estes pensamentos relacionados com a preocupação, eles são acompanhados do aumento dos sintomas relacionados com a Ansiedade Generalizada. Por outro lado, também acontece a algumas pessoas acreditarem que a sua preocupação pode ser útil e poderão pensar:
- “Se eu me preocupar sobre o pior resultado possível, fico mais preparado para esse resultado.”
- “Preocupar-me sobre um resultado vai impedir que ele aconteça.”
- “Se eu parar de me preocupar e alguma coisa acontecer, eu serei o responsável.”
Estas crenças raramente são confirmadas, e também raramente são desafiadas, pelo que as pessoas continuam a preocupar-se com elas.
Se experienciar algum destes tipos de preocupação, é importante que os desafie, de forma a que seja capaz de deixar os processos de preocupação e as suas consequências negativas, isto é, o aumento da ansiedade. Para que seja possível este exercício, é relevante que seja capaz de identificar sinais de preocupações produtivas e não produtivas.
É um conjunto de questões que se dirigem para a solução de um problema que pode ser resolvido num curto espaço de tempo.
Envolve uma série de perguntas de “e se” sobre problemas sobre os quais não há controlo e que não podem ser resolvidos num curto espaço de tempo.
Se reconhece alguns destes sinais, procure apoio médico e/ou psicológico.
Se estiverem a ter impacto na sua vida profissional há já algum tempo, contacte-nos. O CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia dispõe de soluções especializadas para apoiar a manutenção do emprego ou o retorno ao trabalho de pessoas que experienciam dificuldades ao nível da saúde mental.
(1) Andrews, G., Creamer, M., Crino, R., Page, A., Hunt, C. & Lampe, L. (2003). The treatment of anxiety disorders: Clinician guides and patient manuals. Cambridge University Press.